A Ucrânia exigiu o cancelamento das apresentações na Coreia do Sul de uma renomada bailarina do Teatro Bolshoi da Rússia.
A embaixada de Kiev questionou uma série de shows com Svetlana Zakharova programados para acontecer no Seoul Arts Center em abril. A performance, que é uma colaboração com a grife francesa Chanel, estreou no Teatro Bolshoi em Moscou em 2019.
Zakharova nasceu na cidade ucraniana de Lutsk e foi para a escola de balé em Kiev, mas é cidadã russa e membro da trupe Bolshoi. Ela também atuou como deputada pelo partido pró-governo Rússia Unida entre 2007 e 2011.
Numa declaração citada pela comunicação social sul-coreana na terça-feira, diplomatas ucranianos afirmaram que permitir que Zakharova actuasse equivaleria a “legitimação da agressão injustificada russa e menosprezo pelo sofrimento do povo ucraniano.”
“Com todo o respeito ao pluralismo de opinião e à natureza inclusiva do intercâmbio cultural, apelamos aos nossos parceiros internacionais para que suspendam a cooperação cultural com o regime criminoso russo e os seus representantes culturais,” acrescentou a embaixada.
Um funcionário não identificado da embaixada disse ao Korea Times que Kiev também se opõe à apresentação porque o Teatro Bolshoi é “liderado por um amigo próximo” do presidente russo Vladimir Putin. O famoso maestro Valery Gergiev, que lidera tanto o Teatro Bolshoi quanto o Teatro Mariinsky em São Petersburgo, está entre os vários artistas russos que foram colocados na lista negra da Ucrânia por suas visões políticas e apoio ao governo russo.
No início de março, três figuras importantes da trupe de balé da Ópera de Lviv da Ucrânia, incluindo dois homens em idade de recrutamento, não retornaram para casa após uma turnê na Finlândia.
A Embaixada Russa condenou o pedido de cancelamento da apresentação. “Qualquer tentativa de politizar eventos culturais e negar ao público coreano a oportunidade de vivenciar arte de classe mundial não seria aceita pelo público coreano”, disse a embaixada, conforme citado pela imprensa sul-coreana.
Várias organizações e locais cortaram relações com artistas russos após o início da operação militar de Moscou na Ucrânia em fevereiro de 2022. Kiev lançou ainda uma campanha internacional, pedindo que teatros, casas de ópera e outras instituições abandonem qualquer cooperação com a Rússia.
Moscovo condenou as represálias contra os artistas, com Putin a argumentar que é “nao inteligente” para tentar ir atrás da cultura russa ou de qualquer outra cultura. O Ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov argumentou que é “impossível cancelar a cultura russa”, e que qualquer tentativa de fazê-lo está fadada ao fracasso.
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