A armadilha da síndrome do impostor: por que tantas mulheres são acorrentadas a ela no local de trabalho?

Conheça Ria (nome alterado a pedido), uma gerente de marketing de 28 anos conhecida por suas campanhas criativas que impulsionaram significativamente a marca de sua empresa. Apesar de receber elogios de seus colegas e chefe, Ria frequentemente se sente uma fraude. Cada sucesso parece mais um golpe de sorte ou o resultado dos esforços de sua equipe do que de suas próprias capacidades. No trabalho, ela veste uma máscara de confiança, escondendo suas dúvidas. Enquanto outros a percebem como uma líder, ela constantemente se preocupa que um erro a exponha como desqualificada. Ria frequentemente fica até tarde, compensando suas inseguranças examinando cada e-mail e decisão, temendo que suas realizações sejam meramente uma série de coincidências afortunadas. Você se identifica com a experiência de Ria? Se sim, você pode estar enfrentando o que é conhecido como “síndrome do impostor” no local de trabalho.

O que é a síndrome do impostor?

A síndrome do impostor se refere a um padrão psicológico em que os indivíduos duvidam de suas habilidades, talentos ou realizações e abrigam um medo persistente de serem expostos como uma “fraude”. Apesar de suas realizações, aqueles com síndrome do impostor muitas vezes se sentem indignos de seu sucesso, atribuindo-o à sorte, ao momento certo ou enganando os outros a acreditar que são mais competentes do que realmente são. Isso pode levar a sentimentos de ansiedade, dúvida e uma necessidade avassaladora de provar seu valor no trabalho.
No local de trabalho, a síndrome do impostor pode se manifestar como:

  • Excesso de trabalho ou busca pela perfeição para compensar a inadequação percebida
  • Medo do fracasso ou da rejeição, resultando em procrastinação ou hesitação em abraçar novos desafios
  • Evitar elogios ou minimizar conquistas pessoais
  • Comparar-se com os colegas e sentir que eles são mais merecedores ou capazes

Esse fenômeno pode afetar tanto funcionários juniores quanto profissionais experientes, independentemente de sua função ou nível de sucesso. Superá-lo normalmente envolve reconhecer esses sentimentos, reformular a dúvida e aprender a celebrar as próprias realizações.

Disparidades de gênero na síndrome do impostor

Para entender como a síndrome do impostor se manifesta entre os gêneros, podemos examinar dois relatórios: o relatório Workforce 2024 da Korn Ferry, uma empresa global de consultoria em liderança e busca de executivos, e um estudo da KPMG. De acordo com o relatório Workforce, 47% dos empregadores sofrem de síndrome do impostor, com 44% das mulheres afetadas, em comparação com 49% dos homens. Enquanto isso, o relatório da KPMG indica que 75% das executivas em vários setores já sofreram de síndrome do impostor durante suas carreiras.
Embora a síndrome do impostor seja prevalente em ambos os sexos, ela se manifesta de forma diferente. Os homens tendem a ter um desempenho inferior ao evitar metas e feedback desafiadores, enquanto as mulheres frequentemente se desafiam ainda mais para provar seu valor, conforme relatado pela Forbes. Um relatório de 2022 citado pelo Diretor de Recursos Humanos (HRD) revelou que 80% dos homens sofrem de síndrome do impostor, enquanto 90% das mulheres também sofrem.

Fatores que levam à síndrome do impostor em mulheres no local de trabalho

A síndrome do impostor é um problema generalizado para mulheres no local de trabalho, frequentemente decorrente de vários fatores que minam sua confiança e senso de pertencimento. Alguns dos fatores são mencionados abaixo:
Comentários discriminatórios e estereótipos: Comentários racistas e sexistas, como “Mulheres não são boas líderes porque são muito emocionais” ou “Mulheres não são boas em matemática ou ciências”, contribuem significativamente para a síndrome do impostor em mulheres, de acordo com a Forbes.
Falta de liderança solidária: Ter um gerente de desempenho que dê suporte, que entenda seus sentimentos e tome medidas para criar um ambiente de trabalho positivo é crucial. A falta desse suporte pode exacerbar sentimentos de dúvida e inadequação.
Compensação injusta: A significativa diferença salarial entre homens e mulheres em posições semelhantes frequentemente leva à síndrome do impostor. Por exemplo, em 2022, as mulheres ganharam em média 82% do que os homens ganharam, conforme relatado pelo Pew Research Center e destacado pela Forbes. Essa disparidade pode criar sentimentos de indignidade e insegurança.
Ausência de modelos: A falta de modelos ou indivíduos que compartilhem origens e experiências semelhantes pode contribuir para sentimentos de isolamento. Quando as mulheres não veem outras como elas tendo sucesso em suas áreas, elas podem sentir que não pertencem ou nunca serão boas o suficiente.

Como as mulheres podem superar os sintomas da síndrome do impostor no trabalho?

Para combater a síndrome do impostor no trabalho, as mulheres podem adotar várias estratégias proativas que fomentam a confiança e um senso de pertencimento. Algumas das estratégias são dadas abaixo:
Desafie estereótipos negativos: Combata comentários discriminatórios e estereótipos questionando ativamente sua validade. Lembre-se de suas habilidades, qualificações e realizações. Cerque-se de colegas solidários que desafiem essas narrativas prejudiciais e reforcem suas capacidades.
Procure orientação e apoio: Encontre um mentor ou um gerente de desempenho de apoio que entenda seus desafios e possa fornecer orientação. Discuta abertamente seus sentimentos de dúvida com eles. Ter alguém com quem conversar pode ajudar a validar suas experiências e oferecer conselhos práticos para navegar pelos desafios do local de trabalho.
Defensor de uma compensação justa: Informe-se sobre os parâmetros salariais e defenda uma remuneração justa. Participe de conversas abertas sobre remuneração e busque transparência dentro da sua organização. Saber o seu valor pode ajudar a combater sentimentos de inadequação e reforçar seu senso de valor no local de trabalho.
Construa uma rede de modelos: Conecte-se com mulheres e indivíduos de diversas origens que estão tendo sucesso em sua área. Junte-se a organizações profissionais, participe de eventos de networking ou participe de workshops que promovam inclusão. Ver outras pessoas como você prosperarem pode inspirar confiança e criar um senso de pertencimento, ajudando você a combater sentimentos de ser um impostor.

Síndrome do impostor entre CEOs

A pesquisa da Korn Ferry também revelou que cerca de três quartos dos CEOs na Índia reconhecem ter enfrentado sentimentos de síndrome do impostor. A pesquisa alcançou 1.250 CEOs globalmente — incluindo aqueles dos EUA, Reino Unido, Oriente Médio, Brasil, Austrália e Índia — dos quais 238 eram da Índia, conforme relatado pelo Economic Times. O relatório sugere que tanto a Índia quanto os EUA apresentam altos níveis de síndrome do impostor.
Em uma escala global, o relatório Korn Ferry mostra que 71% dos CEOs dos EUA e 57% dos CEOs do Oriente Médio sofrem de síndrome do impostor, junto com quase metade dos chefes do Reino Unido e da Austrália. Além disso, 65% dos executivos seniores relataram sofrer de síndrome do impostor, em comparação com apenas 33% dos profissionais em estágio inicial.
Outro estudo conduzido pela Instant Offices indica um aumento impressionante de 75% em consultas relacionadas à síndrome do impostor somente em 2024. As maiores proporções de casos são encontradas em:

  • Artes criativas e design (87%)
  • Meio ambiente e agricultura (79%)
  • Pesquisa e análise de informação (79%)
  • Direito (74%)
  • Mídia e internet (73%)

Além disso, um relatório da NerdWallet revelou que 78% dos líderes empresariais já passaram pela síndrome do impostor em algum momento de suas carreiras.





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