“Meu filho fará engenharia.” Na Índia, essa frase ecoa por muitas famílias, enquanto os pais orientam seus filhos para um futuro na engenharia. Por anos, tem sido uma aspiração comum, com muitos alunos encorajados — às vezes até pressionados — a escolher Ciências na 11ª série, com o motivo oculto de torná-los engenheiros. Afinal, a Índia abriga algumas das instituições de engenharia mais prestigiadas do mundo, como os IITs. Mas aqui está uma reviravolta surpreendente no sonho da “grande engenharia indiana”: apesar dessa tendência de longa data, as faculdades de engenharia em todo o país estão vendo um número crescente de vagas.
Um exemplo recente pode ser visto em Maharashtra. De acordo com relatos da mídia, quase uma em cada três vagas de engenharia no estado continua vaga este ano. A célula do Teste de Ingresso Comum (CET) do Estado de Maharashtra relatou que, de 1,6 lakh vagas de engenharia disponíveis, apenas 1,12 lakh alunos confirmaram suas admissões, deixando uma taxa de vacância de 31%.
Este não é um caso isolado. Em Ahmedabad, após rodadas de admissão online para programas de graduação em engenharia, o comitê de admissão teve que anunciar uma rodada adicional para preencher cerca de 1.000 vagas este ano. Da mesma forma, em Telangana, admissões pontuais foram realizadas pela primeira vez para abordar vagas não preenchidas em universidades. Em Tamil Nadu, mais de 1 lakh de vagas de engenharia permaneceram vagas em 2024, mesmo após duas rodadas de aconselhamento.
Por outro lado, a Pesquisa All India Survey on Higher Education (AISHE) de 2023, publicada pelo Ministério da Educação, revelou estatísticas surpreendentes. A matrícula em programas regulares de engenharia caiu 10%, de 40,85 lakh em 2016-17 para 36,63 lakh em 2020-21.

Programa
2016-17
2017-18 2018-19 2019-20 2020-21
BTech e BE 40.85.321 39,40,080 37.70.949 36,44,045 36.63.685
BA 80,71,804 78,54,572 76.04.269 77.64.666 85,35,174
Licenciatura 44.33.910 45.97.068 44,62,217 44,55,380 47.27.748
BCom 34.84.301 35.48.572 35.71.436 36,66,311 37,91,109
BBA 3.83.827 4.24.785 4.76.169 5.28.740 5.83.952

Fonte: Pesquisa sobre Educação Superior em toda a Índia (relatório antigo)
Enquanto isso, um relatório do Graduate Record Examinations (GRE) mostrou que a engenharia não era mais a escolha de curso mais popular entre os estudantes indianos, já que as ciências físicas a haviam ultrapassado. Os dados destacaram um declínio significativo no número de estudantes optando por engenharia por meio do GRE, caindo de 34% há uma década para apenas 17% em 2021-22.
O relatório AISHE identificou alguns fatores motivadores por trás dessa retração. Um dos principais motivos é que os alunos estão cada vez mais sendo apresentados a novos cursos que oferecem oportunidades de carreira alternativas. O relatório observou especificamente que os programas de Bacharelado em Engenharia (BE) e Bacharelado em Tecnologia (BTech) foram os únicos cursos de graduação importantes a experimentar tal declínio.
Além disso, nos últimos cinco anos, os cursos BTech e BE tiveram um declínio constante, pois as oportunidades de emprego em fluxos principais diminuíram. Neeti Sharma, cofundadora e presidente da TeamLease Edtech, em uma interação com a PTI, destacou que a contratação de calouros por empresas de TI caiu de 26% do total de aprovados no AF22 para 15% e 10% no AF23 e AF24, respectivamente.

Principais fatores que impulsionam o declínio nas matrículas em engenharia

Aqui estão alguns dos principais fatores que estão impulsionando o declínio nas matrículas em engenharia na Índia:
Aumento da concorrência: A cada ano, milhares de estudantes se preparam para o altamente competitivo Exame de Admissão Conjunta (JEE), uma porta de entrada para instituições de prestígio como os Institutos Indianos de Tecnologia (IITs), Institutos Nacionais de Tecnologia (NITs) e Institutos Técnicos Financiados pelo Governo (GFTIs). Além disso, vários estados e institutos conduzem seus próprios exames de admissão, como BITSAT, SRMJEE, VITEEE, MET, KCET, MHCET e WBJEE. A competição intensa e o número limitado de vagas nas principais faculdades de engenharia contribuem para o declínio do interesse em cursos de engenharia
Altos custos: A educação em engenharia na Índia é cara. A taxa média para um curso BTech varia de INR 3 lakhs a 19 lakhs por ano em faculdades particulares, enquanto faculdades governamentais cobram entre INR 4 lakhs e 10 lakhs. Os futuros alunos precisam visitar os sites oficiais das faculdades de engenharia para encontrar detalhes específicos sobre as taxas.
Alternativas emergentes: Nos últimos anos, houve um aumento repentino na demanda por Ciência de Dados, Análise e Tecnologia da Informação entre os estudantes, o que também pode ser visto como um fator de declínio:

  • Ciência de Dados e Análise: A ascensão do big data levou a oportunidades de carreira lucrativas em ciência de dados, aprendizado de máquina e inteligência artificial. As empresas estão cada vez mais buscando analistas e cientistas de dados.
  • Tecnologia da Informação (TI): Carreiras em TI, especialmente em desenvolvimento de software, segurança cibernética e computação em nuvem, oferecem altos salários e estão atraindo mais estudantes.

Desafios do emprego: Um relatório recente da mídia com base em aplicações do Direito à Informação (RTI) do IIT Kanpur revelou que cerca de 8.000 graduados do IIT em 23 campi ficaram sem colocação em 2024. O Fórum Econômico Mundial destacou que apenas um em cada cinco engenheiros e um em cada dez graduados que ingressam na força de trabalho são considerados empregáveis. Essa tendência é atribuída às rápidas mudanças nos requisitos de trabalho e aos avanços tecnológicos. O relatório AISHE 2020-21 também observou um declínio nas matrículas de engenharia, refletindo o cenário em evolução das demandas do mercado de trabalho.





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